Woolf's Last Writing

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Dearest,

 

I feel certain that I am going mad again. I feel we can't go through another of those terrible times. And I shan't recover this time. I begin to hear voices, and I can't concentrate. So I am doing what seems the best thing to do. You have given me the greatest possible happiness. You have been in every way all that anyone could be. I don't think two people could have been happier 'til this terrible disease came. I can't fight any longer. I know that I am spoiling your life, that without me you could work. And you will I know. You see I can't even write this properly. I can't read. What I want to say is I owe all the happiness of my life to you. You have been entirely patient with me and incredibly good. I want to say that - everybody knows it. If anybody could have saved me it would have been you. Everything has gone from me but the certainty of your goodness. I can't go on spoiling your life any longer. I don't think two people could have been happier than we have been.

V.

Amor Total(mente Ímpar)

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Writing on love

 

Se é claro ou cai a noite,

Se sofrerei pior açoite,

Se é profundo ou não o corte,

Se temem morte ou se me foi sorte.

 

Meus frios soam quentes; teus  sãos, doentes.

A verdade agora mente - e ninguém sente.

E que vente! Pois os cabelos

Hão de entrelaçar nos dedos magros

De um sonho.

 

E que chova! Pois a pele

Há de deslizar na sintonia dos teus gestos,

No calor dos meus abraços,

Na suavidade dos teus passos

No sonho.

 

Por paixão de antes,

Na hipócrita falsária errante:

"Amo-te tanto, meu amor...

                       [Não cante."

Enfim

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Alone in the Dark 

Os trincos não tiveram de se mover, somente a maçaneta dourada. O ranger da porta se abrindo não ecoou ali, para sua surpresa. "É lânguido o ar num quarto vazio.", retumbou em sua mente em memória às noites debruçando-se sobre Woolf. "As flores fenecem no vaso.", surgiu em seguida. Como descobrisse a efemeridade do vento que corria, tateou a rosa inerte que jazia no banco dos fundos. "Talvez não seria tão escrupulosa se vivesse.", pensou. Pondo-se a caminhar por entre os bancos sóbrios da capela, dirigiu-se à cruz ladeada por imagens de carvalho. Pregou o olhar no centro de seu vago semblante e guiou cautelosamente seus pés até o degrau antecedende ao altar de mármore. Não sabia a quem, nem por qual motivo, entretanto agradeceu. Suspendeu a rosa em seu último suspiro e deixou que traçasse a trajetória calidamente interrompida pela superfície fria da pedra. Fitou por alguns instantes o cenário que se projetava diante do pôr do Sol de janeiro. Mesmo fugaz, invadindo a copa das árvores que balouçavam sonolentas no campo por atrás dos vitrais, a claridade alaranjada teimava em não acorbertar o silêncio na capela. Recuou alguns centímetros, ainda mantendo a rosa em seu campo de visão. Ao lado, o benzedouro refletia a imagem distorcida de Maria e as videiras perdiam-se em si próprias. Virou-se e andou um tanto impenetrável aos olhos dos apóstolos envidraçados. Cruzou novamente o ínfimo espaço reservado aos joelhos submissos que desembocava na saída. Levantou o olhar vagarosamente e, nesse instante, mesmo que não tomasse conhecimento integral da imensidão que resguarda a eternidade, sentiu o baque fabuloso da juventude. Sorveu triunfante o ar fresco que aflorava jocosamente e vislumbrou o instante que o destino insistira em agraciar. Sob céu fumegante em alto relevo, extraído sem rancor da porção secretamente abstrata da realidade, percorreu satisfeito o caminho de pedras arrematado no gramado purpúreo que aninhava as árvores douradas. Pela primeira vez, enfim, o senso ecumênico da possibilidade inundou sua mente. O futuro traçava-se gentilmente a sua frente enquanto as pedras sustentavam seu caminho. Por cima do ombro esquerdo, previu a omissão do Sol vespertino pelo telhado. Alcançou a sombra da figueira branca e vasculhou em seu bolso pela tinteiro. Sentou-se em uma raíz saliente e sacou o caderno da confusão irreparável de sua bolsa. Abriu-o, desenhando um sorriso singelo no rosto, e dispôs a primeira página vulnerável. Repousou a mão entrelaçada na caneta, como fossem uma só, e desde então não se pôde descrever a sintonia harmoniosa que soou entre mente e alma. Sabe-se somente que iniciou: "Enfim, as horas minhas.".

Humanidade, Jovens e Retalhos

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Euforia maior seria apropriar-se de tudo em palavras. O universo sincronizado em linhas. Simultaneamente. Ao som do piano repetitivo, sobre toque do couro morno e marasmo nebuloso de uma manhã, frustra concluir a fugacidade dos gestos. Extrair o resquício de coerência, a alma crua dos momentos – aquilo bastaria. Como conseguíssemos ao menos...

Relutam em abrir as cortinas que escandalizam a essência da humanidade. Ocultam-se em máscaras de displicência, em redutos de ceticismo, parecendo temer aquilo em que não crêem. Mergulhados impiedosamente em oceanos de imparcialidade, na massa inerte que por pesar alienada, no alvoroço pobre de virtudes que exacerba futilidade, naufragam os humanos. Diante de propostas impensáveis, desconsiderando sem pudor a essência podre porém debilmente original da humanidade, expomos o definhamento crítico da juventude. Rodeados de musicalidade vã, ideologias beberronas, imagens frívolas e debates levianos, são conduzidos cegamente à alienação massiva. Sabe-se lá no meio de qual espécie de humanidade caminharemos no futuro. Elegem à própria sorte, julgam como fossem gente, vivem como fossem deuses. Resumem-se em rotinas mórbidas que agravam o estado alienável. Não impressiona que sejam precedidos por revolucionários. A nostalgia que inunda gerações alternadas não se restringe a limite territoriais. Julgam como fossem gente, vivem como fossem deuses. Não se submetem ao céu, nem se felicitam com a terra. Vagam, somente, incapazes de concluir raciocínios ou mesmo raciocinar em cima de conclusões. Se buscassem o modo de tecer os retalhos da humanidade... Se houvessem retalhos... Se ao menos, possuíssem a linha. Se ao menos, os fios dobados na meada compusessem uma porção de existência. Contudo, mal costuram um ser humano.