Humanidade, Jovens e Retalhos

Por R.

Euforia maior seria apropriar-se de tudo em palavras. O universo sincronizado em linhas. Simultaneamente. Ao som do piano repetitivo, sobre toque do couro morno e marasmo nebuloso de uma manhã, frustra concluir a fugacidade dos gestos. Extrair o resquício de coerência, a alma crua dos momentos – aquilo bastaria. Como conseguíssemos ao menos...

Relutam em abrir as cortinas que escandalizam a essência da humanidade. Ocultam-se em máscaras de displicência, em redutos de ceticismo, parecendo temer aquilo em que não crêem. Mergulhados impiedosamente em oceanos de imparcialidade, na massa inerte que por pesar alienada, no alvoroço pobre de virtudes que exacerba futilidade, naufragam os humanos. Diante de propostas impensáveis, desconsiderando sem pudor a essência podre porém debilmente original da humanidade, expomos o definhamento crítico da juventude. Rodeados de musicalidade vã, ideologias beberronas, imagens frívolas e debates levianos, são conduzidos cegamente à alienação massiva. Sabe-se lá no meio de qual espécie de humanidade caminharemos no futuro. Elegem à própria sorte, julgam como fossem gente, vivem como fossem deuses. Resumem-se em rotinas mórbidas que agravam o estado alienável. Não impressiona que sejam precedidos por revolucionários. A nostalgia que inunda gerações alternadas não se restringe a limite territoriais. Julgam como fossem gente, vivem como fossem deuses. Não se submetem ao céu, nem se felicitam com a terra. Vagam, somente, incapazes de concluir raciocínios ou mesmo raciocinar em cima de conclusões. Se buscassem o modo de tecer os retalhos da humanidade... Se houvessem retalhos... Se ao menos, possuíssem a linha. Se ao menos, os fios dobados na meada compusessem uma porção de existência. Contudo, mal costuram um ser humano.

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